O New York Times acrescentou que, embora Trump tenha apresentado seu plano disfarçado de "necessidade humanitária e oportunidade para o desenvolvimento econômico", a proposta do presidente abre uma "caixa de Pandora do Oriente Médio" com consequências de longo alcance.
O Washington Post enfatizou que o conceito de Trump é ainda mais surpreendente porque o líder americano, que criticou o envolvimento dos EUA no apoio à Ucrânia e lamentou o "desperdício de sangue e recursos americanos no Oriente Médio", está apresentando um projeto que é "caro, mortal e ameaça explodir politicamente".
O jornal britânico The Guardian sarcasticamente deu boas-vindas aos leitores "à Trumplândia, onde o principal empreiteiro vê apenas cifrões nos escombros de Gaza" e enfatizou que "Trump 2.0 está entrando em uma fase perigosa de expansão".
A mídia está em choque
O Wall Street Journal acusou o presidente, que fez campanha com o slogan de acabar com o "envolvimento estrangeiro", de agora "querer possuir Gaza". O diário enfatizou que assumir o controle do território afetado pelo conflito aumenta a probabilidade de "exatamente o tipo de envolvimento que - de acordo com suas promessas eleitorais - (Trump) deveria evitar".
O jornal britânico The Daily Telegraph avaliou que após o discurso de Trump o Oriente Médio ficou em estado de extrema perplexidade. Ele enfatizou que, se a ideia do presidente fosse implementada, "certamente envolveria o uso da força e o possível envolvimento de soldados americanos". O jornal observou que, embora - de acordo com Trump - tanto o Egito quanto a Jordânia (para onde, segundo o presidente dos EUA, os moradores deslocados da Faixa de Gaza iriam) aprovassem o plano, nenhum dos líderes "mostrou a menor disposição de trazer centenas de milhares" de palestinos. Tal medida significaria não apenas altos custos, mas também "desestabilização de suas próprias sociedades".
Le Monde: Trump como um desenvolvedor imobiliário
O jornal francês Le Monde destacou que os termos "tomar conta de Gaza" não pertencem à linguagem precisa do direito internacional e comparou a postura de Trump a de um “construtor diante de uma casa modelo”.
O jornal alemão Sueddeutsche Zeitung destacou que, embora o presidente dos EUA tenha falado na Casa Branca, "ele soou mais como um agente imobiliário de Nova York". "No entanto, neste caso não estamos falando de Manhattan, da Trump Tower ou de campos de golfe, mas de uma das áreas mais sensíveis da Terra, onde prevalece uma trégua extremamente frágil após uma guerra terrível", observou o diário. Ele enfatizou que este é "um pedaço de terra que não pertence aos Estados Unidos da América, assim como a Groenlândia ou o Canal do Panamá não pertencem a eles". Ao intitular a matéria, o jornal utilizou uma citação de um dos políticos da oposição: "Ele perdeu completamente a cabeça".
Tradução: dr Fabricio Vicroski